"Amar-te"...
Suavemente delineava o teu corpo com as minhas mãos, o teu rosto permanecia em frente ao meu, num quarto iluminado pela luz de uma vela, aquecido pela presença dos nossos seres. Tivemos nós corrido um mundo, quebrado a distância, tivemos nós a coragem, a liberdade selvagem do nosso querer, do nosso sonhar, do nosso sentir. Sentíamo-nos, de olhos fechados, entre abraços apertados, entre beijos marcados, nos lábios, no tronco, no peito. O pulsar aumentava, o frio dissipava-se e, acompanhados de dois copos de vinhos, fomos amantes, fomos confidentes, fomos desconhecidos tão conhecidos entre si. Sorrindo desvendava cada traço do teu rosto, perdia-me nos teus olhos profundos, conhecedores de uma vida, detentores de uma beleza que me fascina, que me alucina, que me tira a razão. Somos então paixão, paixão duradoura, lenta, daquela que vai ardendo, que não é simples clarão. Deixamo-nos ir, naquela forte corrente do sentir, numa vila plantada perto do mar, daquele que nos viu nascer, crescer ...