Lettre coeur...
Hoje deixo-vos
algo bastante diferente, conto uma história, extensa, pode ser minha, pode não
ser, mas que tem brilho, isso tem, que tem sentimento, isso não se pode duvidar.
Hoje leiam, não saltem parágrafos porque, desta forma, não se sente, apenas se
lê palavras dispersas. Tenham um óptimo domingo.
Aventurava-se sobre a firmeza das
palavras que escrevera anteriormente. Sonhador, seguiu rumo a um destino
desconhecido, apenas acompanhado da sua mala e daquele sentimento que detinha
dentro do peito. Livre, descrito como um pássaro livre há muito se tivera
entregue ao amor, aquele amor distante que o compunha, que o fazia seguir naquela
estrada até ao encontro de quem um dia o cativou.
Chamava-se Santiago, um nome com
história, uma história de lutas e guerras em que os seus pais, devotos de um
poder superior, fugiram contra tudo e todos para gerarem o que hoje é ele, este
homem que vê no amor o mais poderoso poder que o ser humano pode possuir no seu
interior. Desde pequeno se diferenciou, incompreendido por muitos, esquecido
por outros tantos, formou-se como hoje é, acredita nas suas verdades e persegue
os ideais daquilo que dá significado ao seu seguir. São horas despidas, dias
compilados entre sol e a chuva que bate nas vidraças da sua casa à beira do
mar.
Filho da terra, aquela terra que o
viu crescer, pretendeu ir mais além, formar o seu conto de fantasia como
aqueles que devorara em pequeno e que o prendiam em casa, somente ele, somente
o seu olhar e a sua vontade. Formam anos a encontrar formulas que não existiam,
guiões que não o faziam crer e até mesmo seguir os passos de outros amantes das
palavras. Com o passar e com o amadurecer da sua alma viu que para amarmos
temos de amar por nós, amar de verdade, sem enganos e desenganos, amar uma
pessoa e não apenas amar o que dizem ser o melhor. Há que sabermos ver na vida
aquilo que queremos e, quando o queremos de verdade, devemos viver, lutar pela
pessoa, acreditar nela e nunca noutras tantas que não se contentam com a sua
própria vida.
Assim ele cresceu, entre erros
cometidos, histórias vividas ou aventuras passageiras, desembarca agora naquele
riu de vontades, naquele pequeno momento em que se apercebe que se apaixona – A
quantos pessoas não aconteceu isso? Quantas vezes não dás por ti a não querer
amar já amando? – Quando se apercebeu disso, ele, apenas sorrio, voltou a
sentir aquele sentimento disperso que o fez tremer, que fez o seu olhar
brilhar.
Sabia que era a sua hora, que era
aquele o seu momento tão esperado, tão aguardado. Sempre ouviu dizer que tudo
tinha um momento certo mas agora, agora, acredita nessas palavras pré-feitas
que tantos largam ao vento mesmo sem acreditar. O segredo, o segredo da vida
está em acreditarmos nas vontades que temos, nos sonhos que sonhamos e naqueles
amores que nos tiram as noites de sono.
Foi assim, assim ele correu atrás
do seu grande amor e sabem quando isso aconteceu? Quando ele recebeu o sinal,
um pequeno sinal que tem o dom de mudar qualquer dimensão, de formar um novo
caminho onde antes parecia apenas existirem becos sem saída. Foi nesse
instante, nessa fracção de segundos, que ele largou tudo e correu atrás do seu
amor, por entre a Avenida 25 de Abril, por entre o Terreiro do Passo.
Era o colmatar de tanto, o sentir a
imensidão dos sentimentos que nos cobrem o corpo e nos fazem vibrar em passos
descompassados de vidas meio vividas. O nome dela era Maria, Maria ou então
outro qualquer, mas o que interessava era o seu olhar, a pessoa que a formava,
os valores que tinha herdado de uma família que lhe tivera ensinado o que era o
amor.
Chegado à sua beira, quebrando o silêncio
de tantos meses, de tantas palavras escritas e não ditas apenas a abraçou, num
abraço intenso e sentido, num beijo dado e que tanta história tinha por contar.
Entre palavras envergonhadas e explicações não encontradas ela pergunta-lhe:
- Desde quando é que este amor vive
em ti, em mim, em nós?
Ele, segurando a sua mão, ainda
tremendo como se a sua vida dependesse daquele momento, respondeu:
- Este amor viveu sempre em nós,
residiu no nosso peito, por isso perdemos pessoas, quebramos histórias e o
destino juntou, juntou-nos nesta vida incompleta e que hoje encontra o seu
preenchimento total. Nunca haverá explicação para os amores, porque eles
acontecem quando somos honestos connosco, quando vemos que mais importante que
contar os dias é fazer com que os dias contem.
Foi nesse instante que o tanto que
se tinha calado agora era vivido, que quando se quer, somos bem mais fortes que
os fantasmas do medo, que as barreiras que construímos como muralhas que nos
impelem de arriscar, de viver, de amar.
Ficaram naquele lugar, olhando o
sol a beijar o rio Tejo, era a magia de um momento que parecia estar a ser
sonhado, mas que deixara apenas de o ser para dar lugar à realidade de uma
vida, ao início de uma história, ao comprovar que o tempo traz o que, humildemente,
vamos semeando com as práticas e acções que vamos tento.
O dia acabou com uma frase escrita
no chão, com um bilhete atirado ao rio e com um beijo que confessava um amor
inigualável na sua forma, na sua constituição.
“Oceanos de verdades, quilómetros
que nos separam, diferenças que nos compõem, tudo isso é nada, nada comparado
com o amor que o nosso coração viu crescer. Se há palavra que nos forma essa
palavra é e sempre será Verdade...”
De todos os teus textos maravilhosos esta é das histórias a mais linda :')
ResponderEliminarohh quem me dera que fosse a minha..
Quem me dera ser a Maria dessa história :)
<3
mais uma vez adorei *
ResponderEliminaré uma história linda
Está perfeita, um encanto. Beijinhos
ResponderEliminar"quando vemos que mais importante que contar os dias é fazer com que os dias contem." Se não fizermos com que os dias contem, não vale de nada contar os dias. Todos os dias contam para sermos felizes. :)
ResponderEliminarExcelente texto, que essas verdades que escreve(s) sejam também sentidas por quem as lê.
Escusado será dizer que amei a história.
ResponderEliminarEncontrei nela demasiadas coincidências com a minha vida, com a minha história, fiquei fascinado, simplesmente.
Quando existe Amor, um Amor de Verdade, tudo é possível, a distância depressa deixa de ser um obstáculo tão terrível, porque o Amor tudo pode.
Obrigado por este momento tão agradável :3
Abraço :)
Bela história! O final feliz para os dois personagens só depende do escritor... ;o)
ResponderEliminarFico a aguardar a continuação deste texto fantástico.
Beijinhos :)
Que história bonita! São histórias destas que inspiram e dão vontade de viver um amor assim :)
ResponderEliminarClaro seria que tinha de vir cá espreitar esta historia, afinal é este o meu tipo favorito de textos :P
ResponderEliminarBem, tenho a dizer que está historia transborda de amor, estavas mesmo inspirado rapaz! Mas que sentimento e emoçao que foi colocado neste texto, a forma como apresentas-te o personagem e como a historia se desenrolou e a forma como entrelaças-te a Maria com ele foi brilhante, já para não dizer que aquele final é digno de filme, já estou a ver o cenário!
Repito estavas mesmo muito inpirado. Achei piada ao incio: " pode ser minha, pode não ser" fica a dúvida se esta é a tua história e da tua "Maria", mas isto é o engraçado da escrita, pois o papel do escritor é apenas descrever a essência da verdade
Forte Abraço
http://falo-que.blogspot.pt/2013/03/1carta.html
ResponderEliminarObrigado mais uma vez, penso que agora a "certa menina" já tomou consciência e apagou as coisas.
EliminarMais uma vez obrigadão mesmo.
Beijo ou Abraço não sabendo quem és :)
Sou alguém sempre atento ao que tu fazes, e como tal, não permito injustiças para contigo!
EliminarAinda bem que tenho seguidores assim, mais uma vez Obrigado :)
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