Percepção...
Tocava-te
na pele, sentia-te mesmo ali, numa mistura que me envolvia no sabor doce do teu
beijo, no abraço apertado do teu ser. Simplesmente ias-me revelando o caminho e
eu seguia-o, passa-a-passo, na altivez de um orgulho nosso, de um sentimento
presente. Há muito pedíamos o momento, o momento em que os nossos dedos se
entrelaçavam numa sinfonia de batimentos cardíacos em que os sorrisos cravavam,
na memória, a vontade de ficar ali mesmo. Segredando-te ao ouvido disse que o
mundo estava na palma das nossas mãos, que as marés eram firmes ondas que
embatiam contra o nosso corpo, que revelavam a firmeza da ancora que colocamos
nesta baía nesta cais em que nos despimos de tudo o que nos tapa o rosto, que nos
encubra a vontade. Estás aqui, neste beijo que guardo em memórias minhas,
nestas letras rabiscadas que têm o teu perfume, o teu toque, o teu amor. A
distância perde-se nos sonhos que sonhamos, nesta forma livre de sermos, em que
os caminhos e estradas nada são comparados com os laços, os laços que atamos
àquela ponte em que nos deitamos a ver o luar. O tempo chega e, com ele, chega
o tempo de partires, de pegares na mala e seguires porque a vida é mesmo assim,
os caminhos cruzam-se mas não têm de ser divididos todos os dias. Foi então que
te fui levar àquela paragem e despedi-me com um beijo em que segredamos a
saudade que ficava mesmo antes da partida. Com isto vimos que a vida não é mais
do que o que nós fazemos dela e tu, tu sorrindo para mim acenas-te pelo vidro
do autocarro e eu disse-te que dentro da mala estaria um pedaço de mim que
seguiria contigo...
No
amar não se tem ausência de amor, a distância é esplendor que nos faz saudar. Amor
que fica, amor que vai, nas ondas desta vida somos as peças que ficam, os laços
que unem. Partidas e chegadas, segredos, almas apaixonadas, somos oceanos de
paixão aqui, ali ou até mesmo no Japão. Somos um pedaço de carne que sente,
corpo eloquente, veias que aguentam e ruas que se estreitam. Somos mar ou até
mesmo rio, um café quente, um gelado frio. Onde quer que estejas eu estou por
aí, numa música, num poema ou num cheiro a jasmim. Sou a brisa que te toca ao saíres
de casa e o quente da cama em que te deitas. No amor é mesmo assim, deixamos de
ser humanos para sermos apenas alma e, a alma, está em qualquer lugar, assume
qualquer forma, chega onde nunca pensamos chegar. Se o amor me matar, que me
mate agora mesmo, porque se um dia eu sonhei em ser feliz nunca pensei que a
realidade desse sonhar fosse bem mais do que a mente poderia imaginar. Hoje vejo-te
partir, amanhã somos mais, mais um capítulo que iremos, juntos, construir...

eu até te tenho no corpo. Não me sais com a chuva :)
ResponderEliminarA vida é o que fazemos dela muito bom ;)
ResponderEliminarLindo...
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