Despedida...

As mãos pediam mais, mais de uma vida que escorria por entre os dedos gastos de lutar. Ele, ele sempre será um sonhador, aventureiro de uma vida desenhada na palma da sua mão. Ela, ela nem ele sabe como será, apenas uma aragem passageira, uma palavra calada, um coração mudo. Os mundos cruzaram-se, os olhares tocaram-se e a vida criou marés que os fizeram afastar. Distâncias, pontes, inseguranças, tantos ficou por dizer mas, a vida seguiu, a vida tomou um outro rumo.
Existem amores que são destinados a morrer, por mais que não se queira, por mais que não se acredite. Ele caminhou, seguiu nas ruas daquela vila à beira mar e respirando, sentiu que o futuro seria outra coisa, passaria por outro lugar, por outras paisagem que imaginara no seu perfeito juízo. O tempo passa, passam as memórias e ficam as recordações, aquelas vagas em que ele deu de si recolhendo dela sinais dispersos, difusos sons imperfectíveis ao seu querer.
Amores vividos, gastos num presente em que nada foi permanente, em que a força não era voraz e muito menos o caminho semelhante.
Escrevendo com a sua mão trémula, ele colocou numa folha de papel “ Por mais oceanos que existissem, por mais receios que persistissem, no amor eu procurava sempre o teu ser, refugiava-me neste meu sentir, procurava-te nas músicas e confessava-te em simples palavras todo o meu amor. Preferiste não ver, deixar a chama morrer, largar tudo e calar, preferiste nem lutar e um amor não existe sem partilha. Sempre fomos dois, eu vi um mas apenas fui somente eu, agora o caminho segue, as pontes refazem-se porque a vida continua e, com ela, continua este meu sonhar.”
Foi então que ele pousou a caneta, olhou o mar e tomou um gole de vinho tinto que lhe soube ao sabor doce de um capítulo encerrado. Fechou o livro, olhou em redor e decidiu caminhar na praia. Chegando a um miradouro, mesmo por cima das ingremes rochas que enfrentavam toda a fúria do mar, despediu-se daquele caderno, despediu-se por, um momento, e largou todas aquelas letras que viu diluírem-se nas águas calmas de uma tarde de Verão.

Ele sabia que quando se fecha um capitulo inicia-se outro, ele, ele nunca foi de viver de passado e, para ele, perder é quando se vive e o que aconteceu, em toda aquela paixão, foi uma ausência de vida, tanto por ele, como por ela. Desistir não desistiu, também os fortes o sabem fazer, mas ele não, eu preferiu ver que, a vida, é feita de estradas, de outros rumos, de outros caminhos. Sorrindo despediu-se daquele lugar, limpou as lágrimas que nem ele sabia a que se deviam, olhou o sol, sentiu a pele quente e dirigiu-se, de novo, aquele café, bebeu outro copo de vinho, delineou o presente e, de forma tão livre e selvagem, despediu-se dela com um beijo ao vento...




Fim

Comentários

  1. Às vezes é preciso deixar ir as coisas que não são para nós, para que aquelas que são possam manifestar-se e que não têm essa oportunidade enquanto permanecermos presos ao passado. Deixa a vida fluir. Aquilo que é nosso, até nós virá, naturalmente, sem grande esforço. É por acreditar nisto que sou contra a "luta" por "amores"... Segue o teu caminho calmamente, que a vida se encarregará de te levar ao teu destino... Talvez não aquele que mais desejes, mas o "certo" para ti, aquele de que precisas! Parabéns pela escrita, que me faz sonhar! :) Espero que continues! Apesar da beleza das histórias de amor tristes, espero que relates antes histórias de amores possíveis e felizes! :)

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    1. Tenho a agradecer pelo comentário, penso da mesma forma, não se deve procurar o amor, deveremos é ter os olhos abertos para o viver e receber.
      Quanto às histórias escrevo sempre de amores possíveis, mas neste decidi mostrar algo diferente que, mesmo que não queiramos, acaba por acontecer também :)

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  2. "Every story has a end but in life every end is just a new beginning." ;)

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    1. Obrigado pelas tuas palavras, concordo plenamente com a frase.

      Um Beijo :)

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