Esta sede de ti...
Seguia
passo-a-passo por aquele corredor que ia de encontro à porta de saída. Sentia o
coração a transbordar pela boca, o estômago assumia um bailado de emoções que se
expressavam num sorriso envergonhado. Num súbito momento entra no carro e
segue rumo com o destino de chegada àquela praia, àquele lugar em que tiveram
combinado um encontro, o encontro das suas vidas. Era o tanto que pedira, um
tanto que de sonho se fez realidade, que da realidade formou-se a peça central
de uma história em constante seguimento.
Apressado passou
pelo supermercado, comprou um vinho tinto, fruta, um ramo de rosas e uma toalha
de linho para cobrir o areal num jantar que se quisera verdadeiro. Chegado à
praia preparou-se, olhou o céu e iluminou todo aquele espaço com velas de cor
laranja que transmitiam toda a felicidade do momento.
De repente chega
ela, de vestido branco, de sandálias e com uma margarida no cabelo.
Estava ali, perante o seu olhar, tão natural e tão bela, tão simples e, ao
mesmo tempo, numa complexidade de sensações que o fizeram estremecer.
Envergonhados
sentaram-se os dois, lado a lado, olhando o mar e saboreando aquele néctar com
sabor a uvas colhidas num Alentejo tão familiar a ambos. Olhando nos
olhos dela, ele, falou, falou num silêncio que há tanto era
entendido por aqueles dois seres livres, por aqueles amantes da vida e do amor
que nela reside.
As melodias
calaram-se e, apenas, ao longe, ouviam-se as gaivotas que entravam pela vila
para se abrigarem em mais uma noite. Suspiros sentidos, as mãos
entrelaçaram-se umas nas outras e subitamente, o beijo foi roubado, um beijo há tanto pedido, um
beijo vivido, um beijo desejado.
Naquele instante
sentiram a vitalidade a correr-lhes nas veias, sentiram que todos os passos
dados levam aos lugares que mais desejamos. Podem não ser o espelho
um do outro, podem não ser do mesmo grupo de amigos, podem até mesmo não ser da mesma
ideologia ou crença, mas o que isso interessa? No amor não existem “moldes”
nem guiões, no amor ama-se pelo que se sente, pelo que se vê e nunca pelo que
nos contam.
No amor, é como
se fossemos cegos, lemos a pessoa em braile, tocando nela, acariciando ela e não apenas
desconhecendo o que ela é. Eles amaram-se, naquele areal, naquele sabor a sal
que permaneceu na pele deles, tão arrepiada mas ao mesmo tempo tão satisfeita.
Foram horas que se perdem nos minutos que não contam, são segundos bem
vividos, aproveitados, agarrados com as duas mãos porque não se sabe o dia
de amanhã.
Por fim, naquela
hora de despedida, ele agarrou na mão dela e disse-lhe segredando;
“Hoje,
nas festas da nossa terra, espero-te encontrar por debaixo daquele fogo-de-artifício,
espero que os nossos olhos se cruzem, se misturem e que, no meio da multidão, sintas o meu
amor revelado num destino que cruza duas pessoas. O tempo urge, urge esta minha
vontade de ti, urge o sonho, urge tudo, urge uma vida. No meio da multidão que sejamos um
só, como sempre sonhamos ser, pássaros livres de
um amor duradouro...”
Beautiful as always* :)
ResponderEliminarOHH GOD! Que texto tão perfeito.
ResponderEliminarEssa sede que tens por alguém, deixa qualquer pessoa rendida!
Sim, mas custa muito quando as pessoas saem da nossa história.. Especialmente quando saem porque querem :/
ResponderEliminarbj
OMG tao...profundo, maravilhoso :o
ResponderEliminarPalavras para que?! Lindissimo texto, muito intenso, profundo, apaixonado. Sabe sempre tão bem ler o que escreves, faz me imaginar, sonhar... faz me amar mais a vida, ver o amor de forma diferente, faz me bem à alma, purifica-a, não perguntes porque, mas sinto-me em paz neste teu canto, sinto que o mundo aqui é belo, sinto-me dentro de um mundo diferente mas que seria perfeito se existisse. És fantastico por tudo o que escreves. Já escreves ou já pensas te em escrever um livro!? Beijinho de boa noite
ResponderEliminarAdorei mesmo! Vou passar a visitar este cantinho mais vezes! Beijinho, bom trabalho :)
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