It´s my life...
Hoje deixo-vos um texto maior, uma história criada e escrita na primeira pessoa para se tornar bem mais real. Hoje tirem um
tempo, coloquem a música e deixem-se ir pelas palavras, somente assim, tudo
isto tem significado. Tenham um óptimo fim-de-semana...
Sentia o frio que entrava pela
porta desta casa. Em passos lentos dirigia-me àquela sala desabitada, era o início
de um fim em que entregara o meu corpo nas ondas de uma saudade sentida na pele
de um errante que eu era. Frio na barriga, aquele abraço em que eu próprio me
resignava a uma perda, em que me esquecera do sorriso que outrora o meu rosto
iluminava. Velho, sentia-me velho nesta história em que de mim nada surgia sem
serem as melodias do um violino que me acompanhava na vida, que fazia parte da
banda sonora que adoptara no momento em que segui o meu caminho. Sentia-me livre,
depois de tanto tempo, sentia que a mudança estava próxima e que o cheiro se
tivera alterado numa combinação agri-doce que os meus lábios tocavam. Era o
levantar, o reerguer de tantos sonhos adormecidos no momento em que desisti de
mim, que me limitei a seguir tantos outros, deambulando pelas ruas e vielas de
uma terra que não podia chamar de minha. Fraca voz que antes me escurecia o
caminho, espectros que à minha pele se agarravam sujando toda a minha alma,
pintando de negrume todo o meu coração. Hoje não, hoje não me venci pela
melancolia que me assombrara durante tantos anos, hoje largue a velha roupa e rasguei
aquela pele presa a mim. Há tanto que não sentia o ar entrar nos meus pulmões
desta maneira, há tanto tempo que tudo parecia um nevoeiro cerrado em que me
perdida para nunca mais me encontrar. Saudade, ai saudade que me fica, saudade
que reside nestes panos cobertos de pó em que a presença de gente era esquecida
pela solidão que me preenchera. Fui forte mesmo dentro da minha fraqueza, fui
sonhador porque, mesmo com tantas quedas, consegui segurá-los junto a mim,
consegue manter a pessoa que sou e que nunca deixei de ser. Acreditei, deixei
de acreditar, chorei, sorri, vive prosas, entrei em poemas, os bailados
ditaram-me os meus passos e já fui de fados entristecidos que a minha vontade
moldaram. Hoje liberto-me, hoje recomeço uma nova etapa, um novo ensinamento,
um novo começo numa vida em constante mutação. Fiz do problema uma solução, fiz
do fim um princípio em que me agarro para avançar mais um pouco, renasci em
mim, tirei anos que me empurravam nas direcções erradas, aprendi a viver de uma
outra forma. Limpei as lágrimas que o meu rosto tão bem conheciam, as escaras flageladas
que o meu corpo percorriam deixaram de existir , o coração refez-se de tudo o
que antes parecia uma realidade e o sonho entrou quebrando com as utopias que
pareciam não ter fim. Forte é aquele que consegue partir sem permanecer num
passado eternamente, forte é quem vai vivendo a vida sem fugir do que quer, sem
desistir de ser feliz. Somos compostos de perdas, de ganhos, de tanto e de tão
pouco. Somos apenas nós e quando não nos amamos, quem ira amar o nosso ser?
Assim amei-me mesmo não me revendo na imagem de um passado, amei cada pequeno
pedaço meu, cada pormenor que me fazia acreditar num novo amanhã, numa nova
história. Ai de mim se não fosse quem hoje sou, ai de mim que não tivesse
aberto das janelas desta casa, que não tivesse limpado todo este pó, que não
tivesse voltado a seguir uma vida sem passar ao lado da mesma. Ninguém morre de
amor, ninguém morre de desilusão, o que mata as pessoas são elas próprias e os
seus medos de seguirem em frente, é aquele medo constante, traiçoeiro, de fazer
as pessoas todas iguais esquecendo-se que todas são diferentes. Eu amei, perdi,
encontrei, eu deixei ir, eu agarrei com força, na nossa história, tudo o que é
real, verdadeiro, permanece, independentemente do tempo, da distância, de
oceanos de diferenças ou de barreiras erigidas sobre outras crenças. Nós somos
apenas nós, entregues a uma vida que temos de viver, vivos por aquilo que fazemos
e nunca pelo que deixamos por fazer. Se há momentos que possamos sorrir esses
momentos serão o resultado de tudo o que fazemos, de tudo o que somos, dos
caminhos que seguimos e daqueles contos de fadas que acreditamos sempre que nos
eram contados em criança. Eu sou um homem desses, que acredita, não me roubem o
sonho porque eu nasci para sonhar, não me roubem a vontade porque é essa que me
guia, roubem-me tempo mas tempo que eu viva, roubem-me tudo mas não me roubem o
coração porque sem ele não vivo. Agora resta-me seguir, viver, descobrir,
porque se há coisa que aprendi com todo o meu viver, essa coisa foi em dizer o
que quero, a quem quero, lutando por um amor, vivendo com todo o fulgor. E tu,
tu será que vives ou entregas-te à melancolia que outrora entrara na minha
história?
um ps: fico sempre super ansiosa pa ler o teu texto ao final do dia xp
ResponderEliminarEu vivo entregue a mim, aos meus sonhos e ao meu querer :)
ResponderEliminarGosto de te ler :)
Um beijinho*
Adorei tudo do ínicio ao fim! Sabes que adoro escrever histórias de coragem e força e adorei ler essas histórias tão na tua pessoa :)
ResponderEliminarObrigado por me dares este bocadinho de boas leituras =)
Tenho um novo post também. :)
Soberbo! Qualquer dia esgoto os adjectivos para caracterizar os teus posts :D
ResponderEliminarAdorei a maneira como te expressas por entre vontades, amores, histórias e sonhos...
Um beijinho :)