Traços...
Espero-te ali mesmo, naquela
rua pequena, de calçada polida e de gente com alma de pescador. Espero-te,
sentado num banco envelhecido pelo tempo e pelas chuvas que dão lugar ao sol,
espero-te sentado, com um sorriso esboçado e com um caderno de anotações. Nunca
fui bom de palavras, nunca fui bom de grandes demonstrações, sou um escritor,
um rabiscador de letras que vou deixando, de histórias que preenchem esta minha
vivência feita de pedaços. Conto tempos e esqueço segundos, engraçado como o
tempo em dias vale tanto e noutros, causa em mim, um efeito neutro. Continuo um
sonhador, uns chamam-me de louco e outros tantos nem olham para o banco em que
estou sentado. Se queres que te conte um segredo, digo-te que te espero,
silenciosamente, no embalar de um fim de tarde em que a lua já se avista no céu
desta terra que sinto tão minha. Espero-te, não apenas hoje, já te espero
nestas canções em que te ouço e em pequenas frases, recantos de uma vontade tão
viva, tão permanente. Sinto-te em cada gente que não se entrega ao balanço do
cair, sinto-te nas correntes de um rio, do abraçar da vontade, no orgulho do
que se é. Espero-te agora, espero-te com ou sem demora, porque se de uma coisa
eu sou feito, é desta vontade de te esperar...
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