Entre tudo e nada...
As ruas estavam desertas e o
teu corpo reflectia-se nas paredes pintadas em cor de betão. Os candeeiros pouco
iluminavam e o meu olhar tornava-se turvo, distorcido de sentido, perdido de
palavras. O silencio era escutado pelo peito, o sonho fazia-me seguir-te e, sem
recear-te, convidei-te para um dança, uma mistura de passos e descompassos, de
beijos, de abraços. Eramos apenas nós os dois, num mundo que parecia ter parado
para que nós nos encontrássemos, naquele lugar, na luz daquele luar, numa forma
tão peculiar de olhar. Sentia a tua pele junta à minha, num cumprimento de
quilómetros quebrados, na irrealidade de uma utopia alcançada, de um mar de
saudade desaguado num rio vivo, bem vivo nas nossas mãos. Pedindo-te ar
deste-me um tempo desconhecido em mim, mostraste-me caminhos nunca antes
percorridos, olhares nunca vistos e despertaste-me amor, um amor que sabia
amar. Cuidado e cuidador, narrador e trovador, foi naquela noite, naquele beco
com cheiro a vontade de ficar que te embrulhei no meu viver, que te enrolei
nestas ondas onde navego, nestas histórias em que te descrevo, passo a passo,
traço a traço. Não foram precisas mais coisas, promessas infundadas e atitudes exacerbadas,
dançamos que nem loucos, no meio de poucos, permanecemos um no outro e
despedimo-nos sabendo que, no dia seguinte, voltaríamos ao mesmo lugar. Foi então
que acordei, que olhei o sol a passar por entre os estores da minha janela e
senti-me um homem de sorte, um homem que além de viver de sonhos, vive de si
mesmo, da sua forma de amar...
encantador André! simplesmente encantador!
ResponderEliminara música embalou-me completamente. Tu curas-me de todas as febres :) muitos miminhos nesse coração***
ResponderEliminarSempre muito bom, é assim que um homem deve viver. Abraço
ResponderEliminarjá nem falo do teu andré , é que a sério podes não te acreditar mas nunca me desiludiste no que escreves!
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