Velozmente...

O betão cinza da cidade roubara-me a atenção, as casas eram tão iguais e as pessoas deambulavam pelas ruas que não respiravam alegria. Eu por ali andava, de passos lentos no meio de gente apressada, pela vontade de partirem ou pela pressa de chegarem. Não olhava as montras, apenas os rostos e expressões, de cada um, de cada qual. Confesso que há dias em que me abstraio da rotina da vida e entro numa completamente paralela. Nela, nesse alienamento observo pequenas expressões, sinais e melodias que passam ao redor de quem corre sem sequer caminhar. Hoje ouvia-se de tudo, de tudo menos de amor, de tudo menos do tempo gasto para um sorriso partilhado ou para um abraço apertado. Fui seguindo a rua, o tempo perdia-se e, mesmo cansado, o que eu queria era sentir a gente, o pulsar das pessoas, a vida que existe nelas, vida que hoje custou-me a encontrar. No meio deste final de tarde, frio, decidi-me aquecer com um chá branco com aroma a romã e, foi nessa vontade vã, que me lembrei do teu olhar, que me lembrei de um sorriso que te preenche o rosto e te faz ser assim, inesquecível. Sorri, por momentos soltei uma gargalhada, embora que envergonhada, no meio daquele café, paguei a conta, saí. Quando cheguei a casa rabisquei-te numa folha que estava mesmo em cima do aparador onde, em tantas noites, te endereço cartas. Hoje, correste-me velozmente nas veias, nas artérias do meu corpo, nos batimentos do meu coração...


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