Sinal...
Vinha com o seu melhor sorriso, saberia que era um
dia diferente, um dia em que a sua história escrevia mais
um capítulo resultante de uma escolha tão sua. Em passos acelerados,
percorria as ruas estreitas em direcção ao mar, estava
uma lua tão diferente e, a mesma, reluzia toda a sua luz nas
ondas que se avistavam ao longe. Era um tanto vivido nas emoções
que fazia tremer o corpo, era uma multiplicidade de segredos desvendados ao
olhar de duas pessoas, de dois seres que se aventuravam nesta arte de viver. Chegado
à praia sentia a presença dela mais próxima, sentia que
o mundo se reduzia a um só momento, àquele esperado por tanto tempo, em tantos
adiamentos reflexo de um receio de errar. Nada é erro quando se fala em amor,
nada é certo ou errado quando algo nos faz felizes, quando algo nos faz sorrir
de forma natural, permanente, veemente.
Sentia-se um aroma doce no ar, a multidão
por ali andava mas, as vozes, calavam-se para contemplar um momento tão único
no meio de tanta gente que não pára para sentir. Secretamente, ela foi chegando, com o
seu jeito de ser, um jeito que ele imaginava em sonhos daqueles que são
capazes de tirar o sono. Mal se conheciam ou então, o que
conheciam um do outro, eram intuições tão
suas que fazem do amor algo mais puro, algo mais visível.
Por momentos o silêncio permaneceu, as mãos
estavam trémulas porque, na realidade, não era apenas mais
um encontro como tantos outros, ou então uma aventura de
noite de verão. Ele quisera mais, mais do que tudo isso. Ele quer
amar, cuidar, ficar, lutar, sonhar em conjunto. Já
ela nada se sabe, porque o olhar era tal que ele se perdera em tudo para se
encontrar nos dois, unidos naquele sitio, amantes de histórias
eternas, nem que essa eternidade seja vivida no dia-a-dia sem pensar-se demais
no amanhã.
O segredo da vida está nisso mesmo, de
agarrar-se, tentar-se, hoje mesmo, sem esperar que o dia seguinte seja um
impulsionador de vontade. Desengane-se quem nada muda esperando a vida mudar. A
vida é mutável, não mutável por si mas, pelo que fazemos nós
para que essa mudança exista.
Eles, eles tentaram, arriscaram, lutaram, há tanto
que as confissões eram feitas, nas melodias largadas ao ar e nas
vontades tão suas repletas de sinais inteligíveis
apenas para os dois. Chegou a hora, eles sentiram que era a sua hora e o
momento aconteceu, o momento resultou de um querer conjunto, porque no amor é
mesmo assim, ninguém consegue ser feliz sozinho.
Dias marcados, noites mal dormidas, tudo culminou
naquela noite, naquele lugar, naquela terra tão deles, naquele
segredo tão revelado que lhes tirou as dúvidas
de uma suposta interrogação que permanecia no meio de tanto que tanto falava e
que nada comprovava. No meio da multidão, no meio
daquele emaranhado de gente ele beijou-a, abraçou o seu corpo e, ao ouvido,
disse-lhe;
“Esperava por ti
há tanto tempo, num tempo em que te descobri para além
de uma vida em que te via passar. Vi em ti a diferença do teu ser, no meio
desta terra, eu sonhei em te ter, em contigo ficar, nestes sonhos fugidios,
procurava por ti, sem desistir, sem partir. Cresceste dentro do meu peito, de
forma voraz, sem pedir permissão ou algo mais.
Descobri que era amor, não daqueles simples ou sem fulgor, apenas
vi que era mais que paixão, era e é oceanos de vontade, palavras
ditas pelo coração. Sinto-te há muito tempo em
mim, nesta minha vida, neste meu sentir, estejas tu onde estiveres, e eu por ai
largado, sei que contigo estou vivo, que connosco estou completo, sei que,
realmente, o que conta somos nós. Ficas aqui? Ou
vais livremente voar enquanto eu espero pela tua volta?”
Nesse instante ela olhou para ele, nada falou e ambos
entenderam a resposta porque, quando se fala em sentir, não são
as palavras que determinam a intensidade, é outra coisa, outra coisa que só
sente quem se entrega ao amor...

um texto simplesmente maravilhoso, não sei onde é que tu vais buscar tal inspiração. muitos parabéns pelo belissimo texto
ResponderEliminar"Mal se conheciam ou então o que conheciam um do outro eram intuições tão suas que fazem do amor algo mais puro, algo mais visível". Isto faz-me lembrar qualquer coisa :D
ResponderEliminar"connosco estou completo" Que lindo o parágrafo onde consta esta frase :')
ResponderEliminarps: adorei :)
ResponderEliminarE concordo c o final. não são as palavras que contam.. não mesmo!
:)
ResponderEliminarSe a intuição for forte, penso que nos devemos deixar levar :)
You are one of a kind, really :)
ResponderEliminarThank you :)
ResponderEliminarI'm so glad!
À muito que não comento nenhum texto (embora volta na volta cá venha...). E vejo, que independentemente do tempo que passe, parece que consegues tornar as palavras em algo inesgotável, através da forma como escreves.
ResponderEliminarTalvez o que seja mesmo inesgotável, sejam mesmo os sentimentos, que vais aqui transmitindo.
Escusado será (ou não!), referir que adorei o teu texto. E que mais uma vez, fico a sonhar a acreditar que alguma dessas histórias poder-se-á tornar realidade na minha vida; pois acredito, que o já se deve ter tornado real na vida de outras pessoas.
Um forte abraço e muitas felicidades!
PS: só gostava de realçar que irei ficar a pensar no:
"quando se fala em sentir, não são as palavras que determinam a intensidade, mas sim outra coisa, que só sente quem se entrega ao amor..." :)
(sabe bem pensar nisto!)
Oh, muito obrigado :)
ResponderEliminarMais uma vez, fantástico :)
ResponderEliminarLindo! Que bela descrição e claro, remate final!
ResponderEliminarAbraço amigo e bom resto de domigo! ^^
És palavras de amor, André.
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