Sorriso...

Caminhavamos por entre as areias finas daquela nossa praia, daquele nosso refúgio onde um dia eu descobri o teu sorriso, a tua pele cheirava a Verão e os teus lábios tinham o suave sabor do salgado do mar, foi naquele lugar, naquele mesmo cantinho que nos amamos por entre uma paixão avassaladora e ao mesmo tempo tão sentida. O teu sorriso prendia-me e as minhas mãos procuravam o renascer dos meus sonhos, agarraste-me o coração e eu entreguei-o a ti, tão naturalmente porque sentia a consistência das tuas mãos, a força do teu amor. Vivemos o amor como nunca foi vivido, ali naquele lugar que parecia não ter nada mas que para nós tinha tudo, aquele tudo que nos alimentava até nas noites mais geladas de um Inverno que acabou por chegar. Pensávamossentíamos e assim construíamos aquilo que para muitos não é conhecido mas que nós sabíamos tão bem o que era. Entrelaçavas o teu cabelo com as folhas secas das árvores e eu ali ficava, a admirar-te naquele gesto tão simples mas que para mim tinha uma magia inigualável, tão incomparável que jamais encontrei igual. Lembras-te ainda do nosso jardim? Daquele que passeávamos de mãos dadas por entre as arvores geladas em que nos escondíamos e nos amávamos? Recordo isso de uma forma tão intensa que por vezes ao fechar os olhos consigo sentir aquelas sensações, aquele formigar nas mãos que me deixava sempre sem palavras, aquele mesmo calar que tu rias com o teu olhar doce. Era mais uma história como todas aquelas que queremos viver, mais um conto de fadas em que o amor colmata diferenças e apazigua todo um resto, todo um vazio de ideias em que os outros pensam saber mais do que aquilo que nós vivemos. Nunca olhamos para nada, nunca nos prendemos um ou outro porque sabíamos que o amor levara-nos de novo ao nosso lugar, ao completar dos nossos corações. Acreditavamos que o amor não era uma prisão, não era o desgaste dos dias monótonos e o esquecer de um amor que poderia um dia partir, nunca julgamos o amor e assim fomos o vivendo, cada dia, com os sonhos e com os projectos que também tivemos de abandonar, vivemos sonhos, viramos costas a um passado e por vezes até mesmo corremos em direcção a um desconhecido de olhos fechados, sem o receio de cair porque tínhamos a certeza que estaria sempre lá a outra pessoa para nos pegar na mão, para nos limpar as feridas e mostrar que a vida pode ser injusta mas que certamente nos dá a possibilidade de sermos felizes. Por acreditarmos nesse mesmo amor partimos, partimos um do outro, seguimos caminhos e voltamos a viver outros amores, hoje, olho para ti e vejo uma recordação, uma simples e boa recordação. Hoje olho para mim e vejo os sonhos que continuam tão vivos dentro do meu peito, vejo que o amor surge de outra forma, noutro sentido, com outro rosto, vejo que aprendi, mas sinto que acima de tudo, por mais que um dia o coração tenha ficado ferido, nunca me esqueci de sentir, nunca desaprendi o que era amar...

Comentários

  1. Oh sempre com as palavras mais doces andré. nao a palavras para cada texto teu, sempre tao surpreendente *

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  2. Que momento lindo meu amigo! É sempre uma alegria ler você. Grande abraço.

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  3. Olá Pedacinho(s), André,

    É com um sorriso e com ternura no meu olhar, que leio o seu texto.
    Como é bom amar! Pensamos. É humano, nós sabemos.
    Nunca aprendemos a amar, acredite. Há, sempre, um amor diferente, que está para chegar, para nos envolver, de uma outra maneira e nos levar, de novo. É o ciclo do amor, como lhe chamo.
    Parece irracional, o que vou dizer, mas até as desilusões nos "sabem" bem. Elas vieram dele ou dela.
    Nunca desaprendemos o amor. Se assim fosse, o mundo deixaria de ter sentido.

    Tenha uma excelente tarde, hoje, já com sol.

    QUE JUSTIFICAÇÃO VOU EU DAR À PAIXÃO?

    Beijo de luz.

    PS: As imagens emolduram, soberbamente, o seu texto.
    A terceira está enternecedora. Parabéns, pela escolha.

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