A memória do amor...

Olhava pela janela do carro enquanto todos aqueles quilómetros, toda aquela terra ficava para trás, agarrada às memórias de uma infância, ao silêncio de um amor em que tudo ficou por dizer, em que tudo ficou por falar. Os chuviscos batiam no vidro e apenas as músicas que, outrora renegava, agora me aqueciam o coração que parecia esquecido naquele caminho, na dolorosa despedida de uma forma de vida e de dias em que a felicidade foi uma constante, em que as pessoas era bem mais do que isso, eram sentidos, razões para continuar a caminhar e a construir uma felicidade que fui inventando por mim, porque nunca nos foi ensinado. Os dias foram passando e apenas as imagens voltavam a colocar-me naquele lugar, naquele pedaço de nada mas que para mim era tudo, o meu pequeno mundo, o sítio onde um dia aprendi a sonhar, simples e serenamente à beira daquele rio, daqueles olhares, daquela gente tão genuína na sua forma de ser, na sua forma de representarem o amor que sentiam umas pelas outras. Escrevo, escrevo memórias e os sentimentos que fui reinventando sempre que dos olhos me vertem as lágrimas de um sentir forte ou até mesmo um sorriso de um momento em que tudo volta de novo a este meu imaginário, a este meu sonhar tão desprovido de realidade. Voltaria atrás, olharia o passado que um dia me foi arrancado, que me foi negado quando apenas gostava de correr por aquelas ruas onde as casas eram brancas e as brincadeiras de crianças enchiam de vida quem da janela olhava, era uma mistura de tudo, de quem um dia construiu a sua vida, de quem acaba por perder a sua vida, de quem apenas ainda não consegue pensar na nela e outros que agora começam a formar uma vida, a construir o seu mundo de sonhos. Foi nessas ruas que um dia descobri o que era o amor e nunca, nunca mais me esqueci de viver com ele, todos os dias, todas as horas e em todos os locais em que as pessoas voltam a ser um espelho dos sonhos que vou construindo...
Cada um de nós traça o caminho conforme os próprios sonhos…
       

Comentários

  1. Ainda não tinha deixado aqui um comentário, mas quero que saibas que leio cada novo texto e que adoro cá um deles. Confesso que me revejo em cada texto teu. És brilhante a escrever, e o teu blogue é uma inspiração. és uma pessoa espectacular e isso nota-se neste maravilhoso blogue. Beijinhos*

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  2. É que tenho feito... vivido a minha vida, sem pressas. Viver um dia de cada vez. O que tiver de voltar volta, o que tiver de ir vai (: Obrigada pelas palavras. Este texto está mesmo lindo!

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