"Estranhos..."

Rasga-me este medo que sinto de sonhar. Esta saudade que se apodera do meu corpo, esta distância que se vê espalhada nas lágrimas que escorrem pelo meu rosto.
Ama-me em cada promessa que me fazes, em cada ausência em que a dor é maior do que eu mesmo, em que as feridas não se curam num simples beijo de despedida. 
Despe-me a pele... Quebra com este silêncio em que me deito, com este deserto de sentimentos, com esta força que se dissipa no negrume - deste meu coração que te espera na noite em que não vens.
E eu canso-me! Canso-me de acreditar em utopias, em fantasias que crio na minha imaginação só para te poder  sentir mais perto, só para poder sorrir ao espelho e negar que sou tão só.
Nesta casa sou apenas eu. Eu e as memórias... As histórias e os enganos que bebo no travo amargo de um vinho que não me limpa a memória.

O coração há muito que não bate neste meu peito, e a melancolia é a minha melhor conselheira. 
Deito-me ao engano e... na asneira dos meus medos, esqueço-me de quem sou e do amor que batia tão forte dentro deste meu âmago ferido.
Pareço um pássaro perdido, um leão que se esqueceu de lutar, um condor que se atirou no precipício e mentiu-se a si mesmo que não tinha asas para voar.
Hoje... só te pedia que me rasgasses o temor...
Mas tu não vieste, ou então nem eu fui ao teu encontro. 
Porque por mais que te procure em tudo aquilo que já fomos, agora vejo que não passamos de dois... estranhos. 



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