"Somos tão pouco quando não temos amor"

São nestas horas perdidas que procuro por ti no meu corpo.
O desejo pede-te em gritos e o meu coração explode na vontade de te ter.

Corro na direcção do que me resta de ti, da imagem que perdura na minha imaginação,

E do sabor dos teus lábios que se perpetua nos meus – em instintos tão viris.
Por momentos sinto-te em mim, sinto a tua presença na minha pele,
Bem ancorada aos meus poros, àqueles em que tu deixaste a tua presença –
Marcando-os de recordações que jamais consigo esquecer.
São nestas noites que te sinto por perto, que te sinto aqui,
Ao meu lado nesta cama fria, vazia como a neblina de uma madrugada em rua deserta,
Ou então em ferida aberta – incapaz de se curar por si mesma.
É assim que eu te espero, nesta impaciência, neste estado de ansiedade,
Nestas mãos cheias de nada e ao mesmo tempo cobertas de sonhos que procuram por nós,
Em cada recanto de uma saudade que se mostra nas lágrimas que me escorrem pelo rosto.
Somos tão pouco… tão pouco quando não temos o amor por perto,
Quando o queremos abraçar e não conseguimos, quando o procuramos e nem o vislumbramos.
Perdendo-o na imaginação de que somos completos – não o sendo.
São nestas horas perdidas que procuro por ti…
Talvez porque só me encontre em fragmentos daquilo que só nós dois conhecemos,
Que só nós dois entendemos – entendendo-nos na telepatia do nosso olhar.


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