"Amo-te por tudo o que não tinha em mim"

Amei-te desde o momento em que me revelaste quem eras, sem qualquer medo do que sentias e sem qualquer receio de amares – para além de tudo. Não foi no teu corpo que encontrei tal amor, ou então esqueci-me, pela primeira vez, de colocar a aparência à frente do que sentia: ao olhar-te nos olhos.


penso que a isso posso chamar de amor, porque amei-te pelo que não via, e esquecia-me de olhar-te como tantos te olham – dizendo amar-te sem, realmente, te conhecer.


 Confesso que nem sempre escolhi o melhor caminho, ou, então, nem sempre procurei um amor verdadeiro – como forma de me preencher: por completo. Amei-te pelo que me demonstravas, pelos valores que tinhas ancorados a ti, aos teus ideias mais revolucionários de fazer do mundo um lugar melhor. Os dias foram passando e tantas despedidas tivemos, as lágrimas escorriam sempre que sentíamos que tínhamos de ir, mas que o coração ficava naquele lugar, no lugar em que nos amávamos, sem dó nem piedade, em que nos fundíamos em orgasmos de desejo.


nenhum amor é amor se não chorarmos como loucos na loucura das despedidas.


Só depois descobri que eras uma junção de tudo, talvez a réplica mais perfeita da perfeição, de cada imperfeição do teu ser. Confesso que me prendeste vorazmente – logo eu! De tão livre que me conhecia.

mas quem te manda ser a perfeição na imperfeição do que és? Quem te manda falhares e mesmo assim eu amar cada falha tua? Quem te manda seres o que em mim falta?

Foi quando me falaste da tua mãe que descobri porquê que tinhas o mundo no olhar. Só a força de uma grande mulher poderia fazer de ti uma força da natureza, um ser capaz de amar o próximo como quem ama a si mesmo, alguém que luta por um segundo de felicidade.
Hoje… segredo-te que te amo mas… que também amo o que a tua mãe te deu, aquilo que ela te ofereceu – sem pedir que lhe retribuas cada hora em que ela não dormiu, só para te poder dar o melhor, para fazer de ti liberdade.
Agora, entendo, amo uma pessoa tão igual a mim e ao mesmo tempo… tão diferente daquilo que sou. Mas há coisas que não se perdem, há coisas que unem dois corações e outras tantas… que marcam quem somos ao sermos a marca de quem amamos.


Posso amar-te por tudo o que tens em ti mas… também te amo, e sobretudo amo-te, por tudo o que não tinha em mim.




Comentários

  1. "Posso amar-te por tudo o que tens em ti mas... também te amo e sobretudo amo-te, por tudo o que não tinha em mim"

    A minha frase de eleição neste seu monumental poema!

    Obrigada por todos estes carpe diem diários.

    Abraço
    Luísa

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  2. Posso amar-te por tudo o que tens em ti mas.. também te amo e sobretudo amo-te, por tudo o que não tinha em mim. Ameiiiiiiiii!! Lindo texto André! Parabénsssss

    Bjo

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  3. Nossa é simplesmente divino!

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  4. perco-me nas palavras... gostaria de saber me exprimir tão bem.. este poema daria para uma bela declaração de amor à pessoa por quem me apaixonei...mas infelizmente o sentimento não é reciproco

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