"Desnudo Olhar"

Pudesse o tempo suster, quebrar-se ao olhar,
De quem não sabe sentir – como te sinto.
Sabes… que não minto, que não sou mais do que sou,
Que não te amo, somente, num sopro.
Sou teu… por mais vidas que viva.

Pudesse tudo nada ser, a terra tremer e eu…
Eu dissipar-me em neblinas que me atormentam.
Amar-te-ei como no primeiro momento,
Com mais intensidade,
Voracidade.
Sou teu… por mais mortes que conheça.

Pudesse mentir-te, enganar-te - deturpando-me,
Caindo no erro de perder, perder-te em juras vazias,
Em ruas tão frias (como aquelas em que nunca seguimos).
Pudesse eu fugir, esquecer-te e partir,
Que deixaria de ser eu, deixaria de viver o que tenho,
O que sou, o que conheço – depois da tua chegada.

Pudesse eu nada ser, não possuir qualquer razão,
Que mesmo assim dar-te-ia todo o meu coração...
Porque amar-te é conhecer-me, para além de tudo o que vejo,
De tudo o que digo - não dizendo,
De tudo o que tenho no meu olhar e…
Que só tu sabes ver...


 


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