"Espero.te"
Pode
o mundo acabar, findar, sucumbir, pode o ar deixar de existir, o mar aos meus
olhos partir. Pode a canção perder cada nota, a estrada tornar-se torta e a
culpa aparecer morta. Pode o fado esquecer do que é chorar, o povo do que é
lutar, o segredo do que é guardar. Pode a terra tremer, a lenha arder, o corpo
desaparecer, o dia acabar num eterno anoitecer. Posso eu deixar de ser homem e
tu o meu querer, podemos nem nunca mais saber, podemos esquecer. Pode vir a
pergunta sem resposta, a vontade tornar-se exposta, o oceano nem tocar na
costa. Pode a distância existir, o saudade persistir, a cor se desvair. Pode tanto
acontecer, a pele tremer, o beijo querer, a partida chegar. Podes tu ser calmo
rio e eu agitado mar, posso eu nada ter e ao mesmo tempo tanto para dar. Pode a
memória esconder-se, o corpo perder-se, a linha descoser-se. Podem os nós
desatar, o presente acabar, o futuro se dissipar. Pode a certeza não vir, o fim
parecer existir, o sonho se ir. Pode tudo nada mais ser e tanto se pode
reaprender. Pode tudo ruir menos o teu sorrir, pode tudo terminar porque, mesmo
depois de tudo, continuo a saber-te esperar...

Pode acontecer tanta coisa, mas nenhuma coisa que aconteça irá mudar a tua mágica forma de amar, amar o outro amar a vida, amar a escrita. Mais um lindo texto. Nunca me canso de aqui vir e ler-te, sabe sempre tão bem. Um beijinho
ResponderEliminarCreio que estou a ser repetitiva, mas é, de facto, um prazer ler-te! Obrigada por me proporcionares boas leituras :)
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