Momento...
Coloca a música e
lê-me.
São 21:15h, a chuva cai lá fora e o
meu corpo conforta-se numa manta quente que lhe cobre as pernas. Ouço uma
melodia que emana de um velho rádio comprado a um vendedor que tivera
encontrado na rua. Aqui apenas estou eu, eu, as letras e tu em mim, tu presente
mesmo ao meu lado, sentada sobre a cama com lençóis de cor carmim. O calor do
quarto reconforta-me, muito estas paredes têm ouvido, tantos segredos têm elas
guardadas dentro de si. Hoje escrevo para ti, pedaço de mim em construção,
mulher que me desperta paixão, que me incendeia o interior. Confesso-te que é
amor, um amor duradouro, tal e qual como aqueles que ouvia falar, na boca desta
gente, destas pessoas que deambulam pela rua à procura de um destino que está
adormecido nelas mesmas. Eu encontrei-te na espuma do mar, no salgado das ondas
que me banham os pés nas tardes frias de inverno, que me entranham nos poros fazendo
conhecer o sabor intenso da minha vontade. Encosto-me ao sonho, não sou bom de
dissociações pragmáticas entre o que se quer ter e o que se tem na realidade,
ou então, procuro não pensar no que tenho e fazer para que consiga viver tudo
aquilo que rabisco na minha história, que escrevo em mim mesmo. Poderia apenas
não escrever, nada dizer ou deturpar o meu próprio sentir em virtude de um
facilitismo que passa pelo não lutar, pelo lamentar a perda que nem sequer foi
batalhada. Tu corres-me nas veias, alimentas-me, na clareira de um pequeno
candeeiro que projecta a sua luz para a minha máquina de escrever. Segredo-te
que sou imune ao tempo, que não o contemplo em mim, que não o procuro para não
o ver passar, para não sentir as horas percorrerem-me o corpo fazendo perder
mais um pouco daquela eternidade que almejo viver a teu lado. O meu corpo,
agora acomodado a uma cadeira em pele de cor branca, deixa-se guiar pelo
vendaval de imagens que o assombram, pela memória que me faz esboçar um leve
sorriso no rosto, um tremor juvenil que não consigo libertar deste corpo de
homem que vejo ao espelho. Sinto-te, em cada abraço, em cada beijo, em cada
laço que nos une as mãos, um ao outro, na suave sinfonia das fantasias de dois
corpos que se fundem num apenas. Sou livre, tão livre que não concebo o amor de
outra forma, que não vejo a prisão que tantos falam, aquela que me liberta, que
me faz ver que, amar-te, será sempre a forma mais selvagem que tenho de viver. Amo-te
pelo cheiro, pelo sabor, pelo tacto que fantasio, em mim mesmo, mordendo os
meus lábios, desejando os teus, uma e outra vez, ao cair da noite, num lugar
apenas nosso. Hoje escrevo-te, ou então apenas descrevo-te, descrevo-nos em
poucas linhas porque, o resto, não consigo expressar em tão simples caracteres,
em tão escassas frases. Tal com as tempestades, tal como as fortes ondas são impossíveis
de prever, são impossível de contabilizar, assim é este meu amor, assim é esta
minha forma constante, ardente, insane, presente de te amar...
É incrível a capacidade com que nos 'agarras' até ao último ponto final. És incrível! Como já vem sendo hábito, adorei o que escreveste. Mais uma vez, presenteaste-nos com um excelente texto repleto de sentimento. É um prazer ler-te!
ResponderEliminarBeijinhos*
Não se pode desistir de um amor assim!
ResponderEliminarNão se pode desistir de um amor!
Aliás, não se pode desistir!
Adorei, beijinho