O meu nome é Jaime e o teu?

Sentia-te em mim, sentia-te presente naquela minha estranha forma de vida presa a um passado, espelhada num viver que há muito tinha terminado. Contava dias sem contar, ouvia músicas que nada me diziam, era diferente, era um agarrar o que tinha perdido, o esquecer de um presente que nem sequer sei que cor detinha. Vivia naquilo que se chamava passado, vivia num tempo perdido da minha própria história, do meu sentimento rasgado. Não olhava em frente, estava ancorado a paisagens passadas, a sons esquecidos e a letras que me acompanhavam, que sentiam a dor dos meus passos, o silêncio dos meus sentimentos. Não eram esses tempos que me mantinham vivo, mas sim, as recordações que eles continham, as lembranças que eram tão reais ao ponto de me fazerem viver um sonho, nunca uma realidade. Dedilhava os acordes monótonos naquela viola que outrora assistiu ao meu amor, aquela primavera solarenga em que os beijos, os abraços, os poemas tinham cores, as cores que até hoje permanecem retratadas nos quatros deste quarto, nas fotografias que ganham o pó de um passar das horas, de um passar dos minutos que me tocam, mas que não me fazem avançar. Hoje apenas deixo esta carta que de mim saiu, este pintar de um rascunho com o sangue que vai vertendo do meu coração, um sangue que provem das feridas que um dia me assaltaram, deixando as marcas que hoje ainda permanecem em mim. Sou Jaime, mas sei que a minha história se vê repercutida em Marias, Tiagos, Renatos e até mesmo Joanas. Não deixem o amor fugir, lutem por o que querem, por o que tanto sonham, porque somente assim, porque é desta forma que vivemos a realidade dos dias e não o passado que nos agarra impossibilitando viver um presente que constrói o futuro...



Comentários

  1. Deduzo que não te chames Jaime, mas bom esta história tocou-me particularmente. Já vivi no passado durante muito tempo, limitando-me a recordar momentos bons que já não existiam. E onde isso me levou? A lado algum. Entretanto abri os olhos, vi cores, senti o vento, provei sabores. Senti de novo os abraços, vi olhares profundos. Apaixonei-me vezes sem conta, mantendo-me distante o suficiente para nunca amar a pessoa errada. E o amor constrói-se assim: por tentativa e erro. Caindo e logo de seguida erguendo não só o corpo mas a alma e o espírito.
    Já agora, sou a Cláudia, prazer :)

    Um beijo !

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  2. Um post muito bonito, um sentimento perdido mas nunca esquecido. Gosto muito daquilo que aqui leio, sabes que sempre achei aquilo que vales, o que sempre valeste. Um Beijo no coração :)

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  3. Por isso mesmo, eu nunca deixo o amor fugir da minha vida, não agora... Por muitas que sejam as desilusões, por mais que caia eu sei que só o amor me consegue livrar destas coisas... O amor é simplesmente lindo! :)

    Gosteii :)

    Beijinhoo *

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  4. Nem sempre a vida consente que o façamos, mas isso era outra história...

    Bom fim-de-semana!

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  5. Por vezes precisamos de outros nomes que escondam os nossos medos e que exponham ao mundo aquilo que nunca queremos dizer. Faz bem termos um mundo pessoal neste mundo tão grande. Um mundo onde guardamos as pessoas realmente importantes e onde podemos escrever a nossa história ;)

    Obrigada pelo comentário e pelo apoio. Depois de enviar a carta senti-me mais leve e a resposta dela quase me levou às lágrimas, por tudo aquilo que passámos no passado. Mas bom, ando numa fase em que decidi resolver todos os assuntos pendentes e acredita que isso faz bem melhor do que alguma vez tinha imaginado!

    Um beijo!
    Bom fim-de-semana :)

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