O Grito...

(Quero que leiam, que sintam a dor de um amar perdido, de uma história esquecida por quem a escrevia. Leiam com música e espero que gostem...)

Sinto o sangue sobre fina folha de papel, a dor é grande e as lágrimas já nem as sinto a correr por este meu rosto, gasto, esquecido e perdido no meio das recordações velhas de um viver perdido, despido, ancorado a males, sombra de quem um dia já foi feliz. Nas teclas do piano surgem os sons mórbidos, estes que me sufocam num sombrio sobreviver dualizado pelo querer sair e pelo acomodar ao escuro, por este medo de voltar a falhar. Rasgo a pele, rasgo esta imagem que me contamina sobre um manto de neblina, este manto que me cega, que me impede de ver um futuro caído sobre os meus pés, pisado por esta frustração que carrego dentro deste negro coração, deste fóssil que me faz pedra, insensível, pobre em tudo, com uma mão cheia de nada. Segui, segui nas ruas e ruelas de uma cidade que não era minha, deste viver nojento que até hoje se agarra às paredes da minha pele, destes poros que transpiram um sufoco, este sufoco que vivo sempre que abro a janela e me firo com os raios de sol. Ver não basta, ver não mostra este meu borbulhar de dor, este meu engasgar nas próprias pegados, nestes passos moribundos de uma dor que nem sequer mais me alimenta, nem sequer me faz seguir na busca da claridade. Paredes pintadas de negro, deste negrume que é a minha vida, o grito, resta o grito desta minha alma perdida, deste meu corpo arrancado de vida, repleto de carne vendida, carne usada. Não me olho ao espelho, apenas dedilho esta guitarra suja, suja como eu, suja como a dor que trago nos pés que um dia trouxeram o mundo e que hoje apenas espezinham o que dele resta, o que ainda vou contando como dias. Arrasto-me nos corredores desta casa sem vida, sou morte, morte naquela sina que nem sequer mais olha para mim, sonhos perdidos, fotografias pelo chão, sei que é o fim, o meu fim. Estou próximo desta despedida, desta amargura sem sabor amargo, deste meu sentir perdido, esquecido e jamais achado por mim, por esta minha estranha forma de vida em que apenas eu fui personagem, despedindo todos, afastando quem um dia me quis bem. Não olho mais, não sinto mais, o toque foi esquecido e apenas me alimento da comida que me trazem, que me deixam à porta que nem abro para ninguém. Janelas fechadas, piano vazio, chão coberto de pó, aqui vou ficar, ficar na agonia do meu ser, no partir da minha alma perdida, no querer mais, mais um segundo para escrever mas nem isso conseguir. Ficarão as reticências mas nunca irão encontrar o meu ponto final, porque esse, esse já não tenho mais força para o colocar...


There’s a big world out there. Bigger than prom, bigger than high school, and it won’t matter if you were the prom queen or the quarterback of the football team or the biggest nerd. Find out who you are and try not to be afraid of it.

Good morning world! ♥


Comentários

  1. Este texto tocou-me de forma particular.
    De uma forma como só a tua escrita consegue tocar qualquer pessoa. Parabéns por mais um texto maravilhoso e por conseguires que todos nós nos identifiquemos com as tuas duras mas verdadeiras palavras. Quem nunca passou pela perda de um amor? Será sempre uma lembrança dolorosa mas que teremos tendência em esconder. Em tentar esquecer...

    Um beijo :)

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  2. «Estou próximo desta despedida, desta amargura sem sabor amargo» pela primeira vez, nos 2 anos deste meu caminho pela blogosfera vi-me diante um pequeno ecrã a chorar . chorar por uma coisa que não fui eu que escrevi. por um texto onde todas as palavras me parecem tão bem escolhidas. E pela primeira vez não sei o que comentar. não sei o que dizer mais desta tua escrita. desta maravilha que é o teu blog. tenho um prazer enorme de te seguir já á algum tempo e de ver que estava enganada. da primeira vez que aqui vim pensei que não poderia ler texto melhor teu do que o primeiro que li. mas enganei-me. Porque este , ultimo, é para mim o melhor de todos. porque todo o teu amor , o amor que tens nestas palavras, deixa ainda mais marcado esta mágoa, está dor incondicional !

    fico-me pelas reticencias, não por não ter força para o ponto final, mas sim por me achar pequena de mais perante este teu texto ...

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  3. Arrepiei-me toda a ler... Gostei mesmo muito. A tua escrita é tão confortante*

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  4. Está tão profundo!! As palavras certas para quem por esta situação passa... Como eu também já tive falta de força para colocar o ponto final e ficar-me pelas reticências... Lindo texto!

    Beijinhoo *

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  5. Está perfeito e tão profundo. Adorei o que escreveste. Vou seguir :)

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