Ele e Ela...

Percorria sobre as pedras húmidas da calçada, sentia a frescura de toda aquela chuva miúda que ali caia, naquele sítio em que o sol costumava ser constante. Ia ela, de vestido branco que a mãe lhe tinha costurado, um vestido que lhe chegava aos joelhos e na cabeça trazia as flores que cuidadosamente juntou e coseu em forma de tiara. Chamavam-lhe princesa mas o que ela apenas queria era ser rainha da sua própria história de amor, largou tudo, o luxo que a sua família ostentava, os empregados que lhe faziam tudo e partiu, lutou por um amor proibido e ali está, descalça num chão frio mas tão quente no seu coração. Ele era pobre sapateiro, filho de gente que apenas sabe o que é trabalhar, de gente que apenas vive cada dia como se fosse o último, como se a comida lhes fosse faltar. Um amor tão diferente, um amor em que ela nada tinha mesmo tudo tendo e ele, que vivia do que o destino lhe ia dando era bem mais rico em sentimentos do que toda a família dela junta. Ambos amavam-se, amavam-se loucamente e saberiam que o destino deles seria estares juntos, ancorados num só corpo, num só sentimento. Não acreditaram em palavras, em pessoas que diziam que ambos jamais seriam feliz, ela princesa, ele um simples plebeu, um básico sapateiro que vivia do seu trabalho. O amor não escolhe, o amor é escolhido e isso torna-o tão diferente e distinto do resto dos sentimentos, ele é tudo mesmo no meio do nada que possa existir, não é cobertor mas tem o dom de aquecer, de aquecer almas e de iluminar corações. Partiram, partiram de todo aquele lugar que conheciam como as palmas das suas mãos, partiram e percorreram um mundo, um mundo que era exterior ao que eles próprios criaram, ao que eles próprios idealizaram. Sofreram, lutaram mas fizeram sempre tudo isso de mãos dadas contrariando muitos amores que se perdem à primeira tempestade. Deixaram as futilidades e entregaram-se à realidade de uma vida que foi batalhada mas justa, justa nos sonhos, justa no destino, justa num amor que superou barreiras e que se fez maduro. Amor, dizem que o amor não alimenta estômagos, não alimenta vestidos bonitos ou até mesmo vidas luxuosas, e o dinheiro? O dinheiro pode dar tudo isso mas no fim não compra pessoas e se as comprar não compra os seus sentimentos, aqueles sentimentos mais verdadeiros que apenas e somente são sentidos por aqueles que lutam, por aqueles que se entregam e não esperam que o amor seja mais um “bem consumível” que se compra numa prateleira de supermercado...




Comentários

  1. Encantador, meu caro! Lindo de ler e reler sempre... e, pra vc, um Natal cheio de luz e amor pra ti! Abraço carinhoso meu amigo.

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  2. gosto muito , vou seguir
    segue o meu , se quiseres :D
    beijão ^^

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  3. Que lindo, magnífico, atrever-me-ia a dizer! "O amor (...) não é cobertor mas tem o dom de aquecer"- que linda frase* gostei bastante, mesmo:)

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  4. adorei, os amores 'proibidos' acabam por ser os mais doces e os mais intensos :)

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  5. Não vi mais perfeição ao se falar de amor. Lindo anjo, lindo (: Gostei imenso!

    Beijos!

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