Os laivos de um outro alguém...

Fico aqui, hoje fico aqui no meio das mantas e dos cobertores que me aquecem o corpo, sinto a tua falta, sinto a nossa falta, não vejo as horas passarem e isso sufoca-me, sufoca a minha vontade que ainda resta de lutar. A música acompanha-me, apenas ela, o chá que me aquece as mãos e as palavras que aqui deito numa poesia contrastante entre o ter e o não ter, entre o ter amor e o não poder te dar. Sou o espectro de uma pessoa que já fui, o acreditar custa-me tanto, sabias? Foi em ti aquilo que me fazia sorrir, a particularidade de acordar contigo ancorada em mim, entrelaçada nos meus braços, isso dói, dói muito. O caminho parece pesar e sinceramente já nem sei bem se tudo isto vale a pena, se todo este esperar por um passado me mata ainda mais do que saber que te perdi numa eternidade que nem sei se existe, nem sei se faz parte de um mundo onde me perco, onde me esqueço de mim. Não me falem, não me batam à porta porque não irei a abrir, quero vaguear nas recordações, nas fotografias rasgadas e nos fragmentos de papéis que ias deixando pela casa sempre que saias e eu ficava deitado. Corria sempre para a porta, será que te lembras? Corria sempre que ouvia o teu carro a parar junto à entrada, hoje não, hoje não é assim e em vez do teu carro tenho a vazio que ele lá deixou, o vazio que em mim deixas-te. Parti e não sei se foi a melhor maneira de esquecer, pensei que assim fosse melhor, que os fantasmas me largavam e me permitiam recomeçar de novo, esse mesmo recomeço que nem mais consigo encontrar. O amor perdeu-se e logo eu que falava que não conseguiria viver com ele, mas agora digo que consigo, de uma forma despida, de uma forma que já nem reconheço cada pedaço de mim, cada pedacinho que depositaram na minha vida pessoas que por aqui passaram. Amor, amor, mas afinal o que me fez chegar aqui? Chegar a este momento em que já nem sei de ti? Vivi-te, guiei-me por ti e agora, agora o que me dás? O esquecimento? O partires e deixares aqui este corpo que nem coração mais tem? Não, não me peçam, nem me falem mais de ti porque não sabes, nem nunca soubeste ver quem verdadeiramente sabe amar, apenas entregas as nozes a quem não tem dentes, a quem não vive de sonhos mas sim de mais uma encenação que eu feliz ou infelizmente não consigo contracenar...

Comentários

  1. o amor faz destas coisas meu caro andré. mas mesmo assim antes de postar nao achei grande coisa o texto s:

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  2. Muito,muito obrigada!!
    Fico muito contente por teres gostado do meu texto,embora esteja um bocadinho para o depressivo.
    Quanto ao teu post,o que posso dizer?? Mais uma vez a tua maneira tão própria e pessoal de escrever criou este texto maravilhoso,apesar da temática que ele fala.
    Espero que essa dor interior que tenhas vá diminuindo com o tempo.
    Sei que não é fácil,mas estou a "torcer" para que encontres alguém especial e que te faça feliz e não como essa pessoa que te magoou.

    Beijinho* e muita força!

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  3. Sim, é real :) O mais real que pode haver.
    A rapariga tem agora 20 anos, mas quem olhar não lhe dá mais de 16. Todos os problemas que ela teve afectaram o corpo e o sistema psicológico.
    Amei o teu texto! :$

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  4. Bom dia! O novo link do meu blog é: docoracaoparati.blogspot.com

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  5. uaaaaau . muitíssimo obrigado. é mesmo verdade, por vezes contradigo-me , pois tudo o que expresso é o contrário do que o meu coração sente, daí este texto.

    p.s concordo plenamente com o teu texto. quando sofremos uma dor de alguém que nos deixou, mais vale nem sequer tocarem nesse assunto, quem não vê não sente, e tudo (sem lembranças) pode ser muito mais fácil.pena tenho que nem sempre se consiga.

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  6. Doeu tanto ler este post seu... chorei muito dores que achei ter enterrado...

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  7. Bem o texto está lindoo, mas infelizmente o motivo pelo qual o escreveste não é o melhor, e eu lamento :(
    Mas o amor tem destas coisas, tem obstáculos e rasteiras que ninguém compreende.
    Força e tem a esperança que tudo se irá resolver. Não te esqueças que um dia voltarás a sorrir e a amar!

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  8. quem se perde nos teus, sou eu. adoro sempre

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