Simples recordações...

As lágrimas caiam-me pelo rosto, o meu corpo termia e a chuva, aquela chuva que caia, molhava a minha roupa e arrefecia ainda mais o meu coração. Estava perdido entre as recordações de um passado que teimava em não desaparecer e a música que entrava pelos meus ouvidos e me feria o coração. Sentei-me ali, num banco à beira da praia, um banco num local deserto onde ninguém passava a não ser o jornaleiro que tentava vender os últimos jornais que lhe restava. Peguei num papel, num simples e velho papel que tirei do bolso, peguei na caneta e mesmo com as mãos trémulas, escrevi aquilo que me vinha do coração, aquelas simples palavras mas ao mesmo tempo tão sentidas e tão amarguradas. Saberia que não estavas ali para as ouvir, sabia que a distância era grande e que os nossos corações acabaram por partir as amarras que os uniam, acabaram por fugir um do outro e apenas entregarem-se ao esquecimento de uma história construída sobre bancos de arreia movediça e com paredes forradas de finas cartas que de nada sustentaram a distância que se impôs sobre nós, sobre o nosso amor. Senti no rosto a maresia que antes envolvia os nossos corpos, senti aquelas pequenas gotas de água que depressa se fundiram às lágrimas que me escorriam descompassada e descontroladamente entre a vontade de arriscar de novo e o medo de voltar a viver mais uma história como a nossa. O papel ficou escrito e nele ficaram as letras de uma história que se tornou efémera, naquela folha ficaram escritos apenas os sonhos de duas pessoas que pareciam ser mais fortes do que aquilo que na realidade eram, ficaram lá os cheiros, os sabores, os projectos e até mesmo aqueles simples sorrisos dados ao pôr-do-sol nos dias de verão. Virei as costas e acabei por entregar ao mar um pedaço de nós, um pedaço de tudo o que restou tanto em mim como em ti, fechei os olhos, sorri e soube que a partir daquele momento seria livre para amar de novo...

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