Mais do que partires foi levares contigo algo meu...

Abri os olhos com um barulho estrondoso, acordei no meio de roupas rasgadas, de uma cama desfeita, de um espelho escrito com aquelas palavras que ficaram para sempre na minha memória. Tinhas saído daquele lugar onde tinhas sido feliz e bateste a porta deixando para traz uma recordação esquecida e um perfume em todas as minhas roupas que se cruzavam com as tuas. Corri assim que nem um louco para a janela e vi que o teu carro já lá não estava, que as flores que outrora te tinha oferecido acabavam por deixar cair as ultimas pétalas pelo passar do tempo e pela efemeridade que elas representam. Fugiste e assim levaste contigo o meu coração que neste momento tanta falta me faz, refugio-me naquelas pequenas recordações e num sorriso que jamais irei encontrar igual, quiseste partir e eu assim te deixei porque acima de tudo somos livres nem que seja livres na nossa própria mentalidade visto que vivemos constantemente com condicionalismos impostos e jogos do faz-de-conta. Agora aqui estou, sentado sobre aquele sofá que compramos juntos, será que te lembras? Eu queria o preto mas tu com o teu sentido e com o teu bom gosto, que sempre tiveste, quiseste levar este castanho porque combinava melhor com a cor da parede desta sala que não tem a mesma vida sem ti. A manta ainda tem o teu cheiro, sabias? Tem aquele cheiro do perfume que compramos em Paris no teu último aniversário, estavas tão feliz, e eu estava tão feliz também. Lembras-te de correr-mos pelos campos elísios e tu deixares cair a tua echarpe naquela possa de água? Ficaste triste mas a tua alegria superou isso e rimo-nos tanto mas tanto que tiveste de te sentar naquele banco onde tenho tantas fotografias coladas e expostas por esta casa. Ai recordações apenas pedia que se despedissem de mim, que o tempo passa-se, que a memória se perdesse e que o meu coração voltasse de novo ao corpo que o pertence. Partiste e levaste contigo tudo aquilo que era de mais importante em mim, partiste e deixaste aqui um vazio que com nada se preenche, que com nada se contenta. A cama nunca mais foi mexida e os lençóis continuam lá, espalhados, com aquele cheiro da nossa última noite de amor, da nossa última forma de paixão. Durmo agora por aqui ou até mesmo no quarto que um dia decidimos que seria para os nosso filhos, sim porque compramos esta casa a pensar na vinda deles. Bateste a porta e em mim acabaste por fechar todas as janelas que me permitiam ser feliz, foste embora e em mim ficou a mágoa que não ser tão bom como o mundo que passava para além de nós. Tu estás aí e eu por aqui estou...

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