"Corpo-Coração"

Podia não ser… podia.
Podia nem ser dia ou então…
Nem ser amor.
Podia ser a cama fria – despida,
Vazia!
Podia apenas… podia,
Ou então… nada poder.

Podia ser mais que um abraço,
Um pássaro voraz que voa,
Na liberdade que ecoa…
Ao coração de quem ama.
Podia ser… a chama,
O fogo que arde e queima,
A clareira de um novo dia.
Podia… ai... como podia.

Podia ser o esquecimento,
O contentamento da saudade,
A palavra calada.
Usada.
Gasta.
Poderia ser um… BASTA!
Ou então uma linda canção de amor.

Podia ser… o fulgor,
O desejo ardente. Dormente, eloquente,
De quem vive a paixão,
No corpo.
No peito.
Na alma.

Poderia ser eu… a calma,
Ou o mar agitado que me atormenta.
Poderia ser eu uma vida deserta,
Ou então…
Uma mão cheia de nada.

Poderia ser a calçada,
As pedras gastas e esquecidas,
Perdidas e húmidas,
Pelas lágrimas da saudade que sinto.
Podia eu ser um grito,
Calado e silencioso,
Abafado e disseminado,
Que não deixaria nunca de ser…
Quem sou.

Poderia eu tanto ser,
Desde que quisesse ser o que não sou e…
Se pudesse ser o que não sou,
Não seria certamente porque…
Sou de quem me pertence,
Sou de quem me conhece,
Para lá deste corpo -  que tantos não vêem.

Airborne, Dove by illustrator Si Scott

Comentários

  1. Este poema é de uma pureza...

    Obrigada por ser Poeta.

    Boa noite
    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito mas muito obrigado por todo o apoio e carinho.

      Um abraço e felicidades. :)

      Eliminar
  2. A minha singela homenagem!

    Ao grande Poeta André :)

    http://youtu.be/twJblXo1Umw

    ResponderEliminar
  3. Adorei o seu blog. Parabéns.
    Teresa

    ResponderEliminar

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