"Desprometo"

Não serei eu o homem que te irei prometer a lua, a eternidade, que irei ser perfeito.
Não sou eu. Não sou aquele que estará sempre presente, aquele que não tem medo de nada, aquele que nunca irá falhar.
Eu também erro, sou humano, sou feito deste meu pulsar de sangue que se entranha na carne. Eu também sou errado, eu também sou inverso.
Não te irei prometer que te vou amar incondicionalmente, que não te irei perder, que nunca te irei fazer chorar.
Não sou assim, não sei prometer o que não sei se vou cumprir.
Não serei o homem que te procura apenas nas horas mortas, quando a carência é maior e o desejo se apoderar de mim. Gosto de tudo completo, complexo, desmistificado por nós, descoberto pela nossa vontade.
Serei aquele que tem os seus dias menos bons, que chega do trabalho, que se senta no sofá e que fecha os olhos, abstraindo-se de tudo.
Sou aquele que precisa do seu tempo, sou aquele que gosta das coisas só nossas, sem grandes demonstrações, sem grandes teatros porque, não concebo plateias quando se fala de amor.
Não sou aquele que direi sempre “amo-te”, que chega continuamente a horas, que não irá fazer-te esperar.
Eu também tenho os meus contratempos mas, são eles, que tornam tudo mais inesperado, menos monótono.
Não sou aquele que te poderá dar uma vida certinha, com horários definidos, com padrões seguidos, com tarefas divididas. Sou um desarrumado por natureza, nas horas, nos papéis mas, sobretudo, nas regras.
Não te irei prometer que compreendo tudo o que faças que, por vezes, não me cale sem dizer o que sinto, que fuja só para não admitir o que vês e tentas que eu te confesse.
Não sou homem de muitas coisas, sou de poucas, daquelas poucas que me dão tanto.
Não te prometo que irei gostar de tudo, de todos, dos pratos que gostas, das cores que vestes, dos sítios que escolhes, das músicas que ouves, daquilo que lês.
Não me interessa gostar de tudo o que gostas quando gosto, inteiramente, de ti.
Não prometo ser certo. Prometo-te ser incerto, errante, prometo-te nada prometer, só provar que te quero, sem tempos, agora...


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