Um dia Amou(-lhe)...

Olhando uma miragem pelo espelho do carro seguiu em direcção ao destino que o aguardara. Já caia o sol no horizonte e para trás ficava a certeza de um novo amanhã. As conversas imergiam nas músicas que passavam na rádio e o silêncio, da sua voz, irrompia os sonhos e projectos que o acompanhavam naquele percurso que tivera planeado dias antes. Era a recordação que o invadia, de forma incompleta, em fragmentos desfragmentados de uma constante consciência sentimental, ou lá como se prefere chamar. Os vidros enchiam-se de humidade que caia com o despontar da noite e, no confessar dos seus sentimentos, esboçou um sorriso, olhou firmemente as luzes dos outros carros que, por ele cruzavam, e disse para si próprio.

Se tudo fosse amor seriamos então NÓS,
NÓS daqueles difíceis de desatar, que ficam, que perduram.
Se AMAR vem depois de NÓS,
Então fomos NÓS, na minha forma intemporal de te AMAR...

Foi então que ele parou por segundos de cantarolar as músicas que emanavam da rádio e, numa subida fracção de tempo, viu que estava ali sozinho, num caminho só seu e, esquecendo-se de tudo o que sentira durante tanto tempo prometeu, a si mesmo, que iria amar uma imagem e não mais do que isso. Iria amar uma imagem passada, aquela que o fez acreditar e que, hoje, apenas é mais um espectro, uma mistura no meio de tanta gente que não luta pensando tudo ter. Naquele dia ele recomeçou e reinventou um novo começo, um novo projecto, uma batalha interior tendo como objectivo o esquecimento daquela pessoa que, há tempo, lhe fez lembrar o que era AMAR...




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