Insensato Esquecimento...

(Hoje deixo-vos uma história de AMOR, um fragmentos de um viver que todos deveriam ler, que todos deveriam sentir por entre as palavras, por entre as linhas que retratam, mas que originam várias formas de interpretação. Formem na vossa mente a história, olhem as imagens, sintam a melodia...)
Sobre o camiseiro repousavam as fotografias de outrora, aquelas recordações demarcadas pelo silêncio da sua voz. A melodia que saída do piano era reflexo de um coração despedaçado, representado pelo dedilhar de cada tecla, pela fraca força de um lutar. Instante de melancolia, uma melancolia que atravessava as paredes daquela casa, que entranhava-se no soalho daquele chão. Fotografias espalhadas e um filme projectado naquela sala, naquele refúgio em que se perdeu para jamais se encontrar. Os dias passam, passam a uma velocidade tornando-o mais velho, mais gasto nas suas confissões tardias, nos seus desgostos silenciados. Escritor de peças, poeta nas avançadas horas de uma noite que não lhe traz o sono, que o impede de dormir. São tantos os fantasmas ali presentes, tantos os sentimentos reprimidos que já nem se mostram nas lágrimas que antigamente lhe escorriam pelo rosto. Está seco, esta entregue a um inanimado coração que o impede de sorrir, que o impossibilita de avançar. Criou as amarras que o prendem aquela cadeira, aquele casarão desprovido de vida, entregue a monotonia dos acordes repetidos, das angústias repartidas. Sem companhia ali está, sem vida ali vive, tão separado de tudo, tão esquecido de nada. As tatuagens preenchem-lhe o corpo, aquelas tatuagens resultantes das feridas que foi colecionando no caminhar da sua vida, no avançar de mais um erro, no cair em mais um abismo. Desprovido de barreiras, entregue apenas ao corpo que lhe ampara os movimentos mais trémulos, aqueles insignificantes espasmos que o tornam atento a uma memória que gostava de ver esquecida, que gostava de deixar perdida. Pobre “velho” ali sentando, réstia de coração colado com a inocência de um perdão, com o sonhar de mais um dia. “Velho” assim o chamam mas tanto tem ele por viver, apenas coleciona os seus quarenta anos, as suas quarenta primaveras que perdem a cor a cada ano que passa, a cada fragmento em que ele se esquece de si, em que ele se refugia num pequeno mundo feito de portas fechadas, de janelas trancadas. Coração ferido, condenado a um viver sobrevivente, a um corpo dormente, a um sorriso escondido. Abre apenas a janela, deixa que o sol passe por entre as cortinas repletas de pó, aquelas que antes eram a tua alegria sempre que esvoaçavam com o vento, sempre que te tocavam no rosto como as mãos de quem tantas vezes te abraçou. Sorri de novo para a vida, acredita no AMOR que parece esquecido no teu coração, aquele amor que se torna eterno nas memórias, nas pessoas, nos projectos de uma vida que agora nem te lembras de fazer. Avança passo a passo, torna-te no jovem que ficou por detrás dessa mascarra que se agarrou ao teu rosto. Sonha em ti, vive nos outros, segura com as mãos o que te resta, planta no peito a semente que te sobra de tudo o que aprendeste, de tudo o que vivenciaste. Faz do AMOR a tua forma de vida, entrega-te aos sentimentos afastando os fantasmas do teu viver, vive em ti, sorri a cada olhar. Projecta o sonho, agarra a vida, vive o momento... Nesta minha história não serás o “Velho” que te chamam, serás apenas a personagem principal...










Comentários

  1. Tão lindo *.*
    Eu ainda sou iniciante, pode ser que aprofunde mais os meus conhecimentos e faça mais uns post's daquele género :*

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  2. Está tão, mas tão bonito. Falas do amor com uma ideia tão realista, pura, sonhadora.

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  3. Obrigada por teres sempre uma palavra para mim. Mais uma vez, adorei o texto!

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  4. Você é tão doce! Que bom que te fiz perder-se. rs Ainda não li toda sua postagem, mas o pedaço que vi é um conselho bom. Beijos anjo. (:

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  5. obrigada, tento fazer isso em todos os post's :3
    gostei muito do blog, estou a seguir (:

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  6. Muitíssimo obrigada! Sim, embora esteja internada, estou melhor.
    Gostei muito do texto <3

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  7. Lágrimas escorreram-me pelo rosto ao ler isto como se todas estas linhas fossem minhas. E a música. Ai a música. Adorei, PARABÉNS!

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